“O Ministério Público Federal Federal está investigando  suposto enriquecimento ilícito de Gustavo Morais Pereira, arquiteto de  27 anos, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Dois  anos após ser criada com um capital social de R$60 mil, a Forma  Construções, uma das empresas de Gustavo, amealhou um patrimônio de mais  de R$50 milhões, um crescimento de 86.500%. As investigações podem  complicar ainda mais a situação do ministro, que, desde sábado, tem sido  obrigado a se explicar sobre o suposto envolvimento de seus principais  assessores com corrupção.
As investigações começaram ano passado, a partir de um nebuloso  negócio entre Pereira e a SC Carvalho Transportes e Construções, empresa  beneficiária de recursos do Ministério dos Transportes. Em 2007, a SC  Transportes repassou R$450 mil ao filho do ministro, conforme documentos  em poder da Procuradoria da República do Amazonas. Nesse mesmo ano, a  empresa recebeu R$3 milhões do Fundo da Marinha Mercante, administrado  pelo Ministério dos Transportes para incentivar a renovação da frota do  país. Em 2008, a empresa ganhou mais R$4,2 milhões.
Os repasses do ministério à empresa estão registrados no Portal da  Transparência, do governo federal. O Ministério Público abriu  investigação para apurar se houve conflito de interesse nas decisões do  ministério chefiado por Nascimento e os benefícios pagos à empresa que  negociou com o filho do ministro: – O que nos causou estranheza foi o  fato de uma empresa de um dos amigos do ministro receber grandes valores  (do ministério) e depois fazer negócio com o filho do ministro – disse  ao GLOBO um dos investigadores do caso.
A SC Transportes está em nome de Marcílio Carvalho e Claudomiro  Picanço Carvalho. Em 2006, um ano antes da SC receber R$3 milhões do  Ministério dos Transportes, Picanço doou R$100 mil à campanha de  Nascimento ao Senado, como registrado no Tribunal Superior Eleitoral  (TSE). O empresário foi o principal doador da campanha do ministro.  Picanço também doou R$12 mil ao PR, então chamado de PL. Marcílio é  marido de Auxiliadora Carvalho, nomeada pelo ministro para chefiar o  Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no  Amazonas e em Roraima.
O Ministério Público ouviu Gustavo. Ele disse que o dinheiro recebido  da SC Transporte é fruto da venda de um imóvel. As explicações não  convenceram. O Ministério Público estranhou o crescimento patrimonial do  arquiteto. Em 2005, aos 21 anos, ele e dois sócios fundaram a Forma  Construções. Em 2007, a empresa declarou patrimônio de R$52,3 milhões em  documentos da Receita Federal. Um ano antes, os ativos somavam R$17,7  milhões.
Em grande ofensiva no mercado imobiliário do Amazonas, a empresa  construiu em curto período um conjunto de 86 casas de alto padrão e um  prédio comercial de 20 andares, num bairro nobre de Manaus. A  investigação, ainda não concluída, aponta indícios de patrimônio  incompatível com a renda declarada por Gustavo. O Ministério Público  ainda estuda se chamará Nascimento para depor. O ministro confirmou o  negócio do filho com a SC Transportes, mas negou irregularidades na  transação e informou que “o depósito a que O GLOBO se refere decorre da  venda de imóvel, transação registrada na declaração de Imposto de  Renda”, disse por e-mail. Negou ainda ter ligações com os donos da SC  Transportes.”
FONTE (O Globo)
 
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