PMDB divide com PT culpa por 38 prisões no Ministério do Turismo
O PMDB reagiu à   operação da Polícia Federal que prendeu, nesta terça-feira, 38 pessoas   do Ministério do Turismo. Os peemedebistas defendem que as  irregularidades na pasta aconteciam antes da administração de Pedro  Novais (PMDB) - afilhado político de José Sarney (PMDB-AP). 
O ministro  do Turismo, Pedro Novais, conversou hoje com a ministra da Casa Civil,  Gleisi Hoffmann, por telefone, e disse que está empenhado em esclarecer  tudo. Os dois concordaram que o alvo não é ele, porque se tratam de  questões de 2009. O ministro vai ainda hoje se reunir com a presidente  Dilma para prestar esclarecimentos. 
O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN),  defendeu a permanência de Novais no cargo e disse que ele não tem  nenhuma responsabilidade nas eventuais irregularidades. Defendeu também  os outros peemedebistas presos na operação, lembrando que eles chegaram  ao Ministério do Turismo apenas este ano.   
O presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO),  sinalizou que a legenda não pretende deixar que problemas pontuais em  ministérios comandados por peemedebistas arranhem a imagem do partido.  Raupp minimizou, porém, o impacto da operação da PF que culminou na  prisão do secretário-executivo do Turismo, Frederico Costa, que foi  indicado para a vaga pelo atual titular da pasta.   
- O PMDB não tem nada a ver com isso, esse convênio foi assinado  em 2009. O último pagamento foi feito em abril (2011), após autorizado  por um parecer técnico. Então, não entendo porque a determinação de  prisão. A PF cumpre determinação da Justiça. Abuso houve na ordem  judicial, não se conhece ainda as razões e os questionamentos do  Ministério Publico e da Justiça- disse Henrique Eduardo Alves.   
O líder disse ainda que o Pedro Novais permanece no cargo:  
- Lógico que fica, vai sair por que? O que o Pedro Novais tem a  ver com isso? Se houve algum procedimento irregular, foi em Macapá, onde  o recurso pode não ter sido repassado corretamente para a atividade fim  que deveria - disse, insistindo que não há irregularidade no pagamento  autorizado pelo Ministério do Turismo.  
Valdir Raupp sugeriu que os problemas são anteriores:  
- Esse convênio que deu início à investigação é de 2009, quando o  PMDB nem administrava a pasta ainda. O secretário executivo pode até  ter sido indicado pelo ministro Pedro Novais, mas cada um tem o seu CPF.  O PMDB é uma instituição gigantesca e não é porque houve problema com  uma ou duas pessoas do partido que vamos ficar todos comprometidos -   afirmou Raupp, sem citar diretamente que, em 2009, o ministro do Turismo  era Luiz Barretto, que foi secretário executivo da petista Marta  Suplicy, atual senadora pelo PT de São Paulo.  
-  Todo partido tem problema. O PT mesmo teve problema com 40 no  governo passado e está hoje forte, com a presidente da República. Nesse  episódio não tem só gente do PMDB, até porque o problema que deu início a  essa operação é de 2009 -  acrescentou.   
A cúpula do PMDB  pediu  nesta terça-feira explicações ao Palácio  do Planalto sobre o escândalo no Ministério do Turismo. Segundo  assessores do Planalto,  a presidente Dilma Rousseff se reuniu de manhã  com os ministros palacianos  Ideli Salvatti (Relações Institucionais),  Gilberto  Carvalho (Secretaria Geral) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil )  para avaliar as consequências políticas da operação da Polícia Federal.  
Em oito meses de governo Dilma, este é o segundo ministério comando  pelo PMDB a ser atingido por denúncias de corrupção. No Ministério da  Agricultura,  há suspeitas de propina para o pagmento de dívida da  Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal subordinada à  pasta, e outras irregularidades.  
Segundo   reportagem da revista "Veja"  , Milton Ortolan, o número dois da Agricultura, fazia negócios com o  lobista Júlio Fróes. Embora não fosse funcionário da pasta, Fróes teria  tido livre acesso ao ministério, onde , segundo a revista, teria uma  sala com computador e secretária. Ele ainda teria pago propina a  servidores. Ortolan foi afastado do cargo no mesmo dia em que a revista  entrou em circulação, no sábado.  
Sarney: Pedro Novais tem 'reputação ilibada'
Ao  chegar na manhã desta terça-feira ao Senado, o presidente da Casa, José  Sarney, comentou sobre as prisões e o seu amigo, Pedro Novais.  
- Pelo que eu conheço dele (Novais), trata-se de um homem  que tem uma reputação ilibada. Eu, por exemplo, não conheço quem é esse  secretário que foi preso, não sei nem o seu nome, nunca o vi e também  nunca tive nenhuma informação a respeito de qualquer assunto no  ministério - afirmou Sarney.   
A primeira coisa que o presidente do Senado fez, no entanto,  foi se desvincular da indicação do atual ministro da pasta.   
- O ministro não foi indicação minha. No acordo com o PMDB, a  Câmara dos Deputados, através da sua bancada, ficou de indicar o  ministro do Turismo. E a bancada no Senado de indicar outro ministro,  que era de Minas e Energia. De maneira que o ministro foi indicado pela  Câmara. Quando tive conhecimento, eu não sabia que o nome dele seria  escolhido - apressou-se em esclarecer Sarney, na sua chegada ao Senado.   
O presidente do Senado admitiu que as novas denúncias desgastam a imagem do PMDB:  
- Não tem dúvida que um assunto dessa natureza desgasta o  partido, agora acho que deve se investigar o máximo possível até onde  possa investigar.   
Sarney se esquivou de fazer uma comparação entre o grande número  de denúncias de corrupção registrados no governo Dilma com a gestão de  outros presidentes.   
- Eu já estou com a memória não tão boa quanto a sua, de maneira  que não vou recorrer à minha memória para fazer a conta de governos  passados - acrescentou.   
Marco Maia se diz preocupado com 'turbilhão de denúncias
O  presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, comentou a prisão de  Frederico Costa, e fez um paralelo com a saída do secretário-executivo  do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan.  
- Se eu fosse o número dois de qualquer ministério eu estaria  preocupado, porque o que está caindo de número dois! Temos preocupação  porque é um turbilhão de denúncias. Começou no Transportes, teve na  Agricultura e agora o Turismo. Mas não podemos permitir que isso  paralise o governo e o país -  disse Marco Maia, acrescentando:  
-  A situação de fato é grave. O que temos assistido nos últimos  meses deixa todos preocupados, mas é preciso trazer à tona e que os  órgãos de fiscalização atuem. Nossa expectativa é a de punição dos  culpados e absolvição dos que não têm culpa.  
Sobre o impacto das denúncias nas votações da Casa, Maia  manifestou preocupação, mas disse acreditar que não irá paralisar os  trabalhos:  
- Todas as situações, quando vão acontecendo em cadeia, atingindo  ministérios vários, óbvio que têm impacto nos trabalhos (da Casa), mas  os parlamentares estão imbuídos neste processo de fiscalização e não  creio que isso atrapalhe as votações. Todas as denúncias têm impacto,  mas não é suficiente para evitar votações.
FONTE O GLOBO
 

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