Empresa de Blairo Maggi é abastecida com dinheiro público
MANAUS - O Conselho Nacional do Fundo da Marinha Mercante,  vinculado ao Ministério dos Transportes, aprovou em maio deste ano um  financiamento de R$ 113,5 milhões para a Hermasa Navegação da Amazônia,  empresa do grupo controlado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) - que foi   sondado pela presidente Dilma Rousseff para assumir o cargo de ministro dos Transportes  . O diretor do departamento que administra os recursos do fundo é Amaury  Ferreira Pires Neto, indicado para o importante cargo pelo deputado  Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, partido do senador.   
SUCESSÃO MINISTERIAL:   Blairo Maggi recusa convite para assumir Transportes   
Segundo o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), a  generosa e milionária transação entre aliados do senador com o fundo  teria sido um dos motivos que inviabilizaram a nomeação dele para o  comando do ministério em substituição ao colega Alfredo Nascimento.  
Nascimento deixou o cargo na quarta-feira, depois das denúncias  de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes  (Dnit). Nesta sexta-feira, quando começaram a circular as primeiras  informações sobre o generoso financiamento do Fundo da Marinha para a  Hermasa,  Blairo anunciou que não aceitaria o convite para comandar o  Ministério dos Transportes.   
Os vínculos entre aliados do senador e o negócio não se limitam a  Valdemar e Amaury Ferreira. Um dos ex-diretores da Hermasa é Luiz  Antonio Pagot, diretor afastado do Departamento Nacional de  Infraestrutura de Transportes (Dnit). Antes de ser indicado por Maggi  para comandar o Dnit, Pagot trabalhou por três anos na Hermasa.   
Empresa de amigos de ex-ministro recebeu verba
O  Fundo da Marinha Mercante é formado com recursos públicos e tem como  finalidade o financiamento da renovação da frota naval do país. Como  juros e  condições de pagamentos são facilitadas, os financiamentos do  fundo são um dos filões mais cobiçados por empresários do setor de  transporte naval.    
O Conselho do Fundo aprovou a liberação de R$ 40,9 milhões para  projeto da Hermasa de comprar dois empurradores fluviais de 6.000 HP.  Outros R$ 22,8 milhões para a compra de 15 barcaças grãos tipo box 2.000  e mais R$ 35,6 milhões para a aquisição de barcaças tipo racked 1.850.  Também foram liberados mais R$ 4,2 milhões para a compra de um rebocador  de 5.000 BHP. O conselho é presidido pelo secretário-executivo do  ministério, Paulo Sérgio Passos, que hoje ocupa interinamente o cargo de  ministro.  
Procurados pelo GLOBO, Blairo e Amaury não retornaram as  ligações. Um dos assessores de Valdemar Costa Neto disse que desconhece o  caso do Fundo da Marinha Mercante. Mas diz que é um equívoco atribuir  todas as indicações do PR ao deputado. Como secretário-geral do partido,  ele seria signatário de todas as indicações da legenda, mesmo daquelas  em que não participa diretamente.  
Um dos problemas do ex-ministro Alfredo Nascimento também está  relacionado ao Fundo da Marinha Mercante. O fundo liberou mais de R$ 8  milhões para a SC Transportes e Construções, empresa de um casal de  amigos do ministro. No mesmo período dos pagamentos, a empresa repassou  R$ 450 mil a Gustavo Morais, filho do ministro. Nascimento disse que a  transação se referia a venda de um apartamento.  
 

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