A edição de VEJA que  chega às bancas neste sábado levanta indícios de que mais um esquema de  desvio de recursos e dilapidação do patrimônio público corroi o  Planalto. Desta vez, os escândalos envolvem o Ministério da Agricultura,  tendo a Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, como posto  avançado, e o ministro Wagner Rossi, do PMDB, como virtual comandante do  esquema.       
 
O esquema de corrupção foi denunciado por Oscar Jucá Neto, o  Jucazinho, irmão do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado.  Jucazinho foi exonerado na semana passada do cargo de diretor financeiro  da Conab. A demissão aconteceu depois de VEJA revelar que ele havia  autorizado um pagamento de 8 milhões de reais a uma empresa-fantasma que  já foi ligada à sua família e que hoje tem como “sócios” um pedreiro e  um vendedor de carros – laranjas dos verdadeiros donos, evidentemente.
Jucazinho decidiu contar o que sabe porque atribuiu sua saída a uma  armação de peemedebistas contra seu irmão – e também porque se sentiu  humilhado com a exoneração. O caso azedou as relações entre o senador  Jucá e o vice-presidente, Michel Temer, padrinho do ministro Wagner  Rossi. Os dois trocaram ameaças e xingamentos por telefone.
Em entrevista a VEJA, Jucazinho contou que existe um consórcio entre o  PMDB e o PTB para controlar a estrutura do Ministério da Agricultura  com o objetivo de arrecadar dinheiro. Suas informações incluem dois  casos concretos de negócios nebulosos envolvendo a Conab.
Em um deles, a estatal estaria protelando o repasse de 14,9 milhões  de reais à gigante do mercado agrícola Caramuru Alimentos. O pagamento  foi determinado pela Justiça e se refere a dívidas contratuais  reclamadas há quase vinte anos. O motivo da demora: representantes da  Conab negociam um “acerto” para aumentar o montante a ser pago para 20  milhões de reais. Desse total, 5 milhões seriam repassados por fora a  autoridades do ministério.
O segundo caso envolve a venda, em janeiro deste ano, de um terreno  da Conab numa das regiões mais valorizadas de Brasília, distante menos  de 2 quilômetros do Congresso e do Palácio do Planalto. Apesar de ser  uma área cobiçada, uma pequena empresa da cidade apareceu no leilão e  adquiriu o imóvel pelo preço mínimo: 8 milhões de reais – um quarto do  valor estimado de mercado. O comprador, Hanna Massouh, é amigo e vizinho  do senador Gim Argello do PTB, mandachuva do partido e influente na  Conab.
Nas mais de seis horas de entrevista, Oscar Jucá Neto não poupa seus  antigos companheiros de ministério. Diz que o ministro Wagner Rossi lhe  ofereceu dinheiro quando sua situação ficou insustentável. “Era para eu  ficar quieto”, afirma. “Ali só tem bandido.”
(Veja com BlogdoNoblat)
 
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