“Considerada peça fundamental nas investigações do escândalo  dos banheiros, a presidente da Associação Cultural de Pindoretama e  ex-funcionária do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Renata Guerra,  admitiu à promotoria de Justiça daquele município que, mesmo tendo  recebido R$ 400 mil da Secretaria das Cidades, a entidade não havia  construído os 200 kits sanitários prometidos quando prestou contas com a  pasta, no último dia 24 de junho – um ano após a liberação do dinheiro.
O depoimento de Renata, concedido na semana passada ao Ministério  Público, confirma as observações do O POVO, que esteve em Pindoretama em  14 de julho deste ano e constatou que os banheiros não haviam sido  erguidos. A Associação de Pindoretama recebeu a primeira parcela de  recursos (R$ 200 mil) da Secretaria das Cidades em junho de 2010. Três  meses depois, a pasta autorizou mais uma remessa de R$ 200 mil, sem que a  entidade tenha feito a comprovação parcial dos gastos da primeira,  conforme identificou o Ministério Público de Contas.
Nos esclarecimentos que prestou à promotoria de Pindoretama –  relatados ao O POVO pelo promotor Marcelo Pires –, Renata reconheceu ter  recebido o dinheiro, mas argumentou que os banheiros não foram  erguidos, entre outras razões, porque a associação não teria conseguido  mobilizar mão de obra para o mutirão e também por causa da grande  incidência de chuvas no município.
Ainda segundo os relatos de Pires, outro motivo para a ausência dos  banheiros teria sido a interpretação que Renata diz ter feito da  legislação eleitoral. Para ela, o fato de 2010 ter sido ano de campanha a  impediria de executar os recursos. Entretanto, as normas eleitorais não  atingem convênios firmados antes do início oficial da corrida por votos  – caso de Pindoretama.
Contradições
O promotor Marcelo Pires disse que Renata deverá ser novamente  chamada para depor. Isso porque, após a coleta de documentos na  Secretaria das Cidades, o Ministério Público verificou que praticamente  toda a verba recebida pela associação foi destinada a uma construtora  com sede em Fortaleza, que não produziu os banheiros. De acordo com  Pires, nenhum recibo ou nota fiscal de compra de material foi encontrado  na prestação de contas.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Além de Pindoretama, contratos para a construção de banheiros em  outras 27 cidades estão sendo investigados. No total, 56 convênios estão  sob análise, totalizando um repasse milionário de verba pública.
SAIBA MAIS
Na próxima sexta-feira, a Procuradoria dos Crimes Contra a  Administração Pública (Procap) deverá dar continuidade à coleta de  depoimentos. Uma lista com oito nomes foi repassada pela promotoria de  Pindoretama, incluindo funcionários da Secretaria das Cidades,  envolvidos com a liberação dos recursos.
No início de julho deste ano, a presidente da associação também tinha  cargo comissionado no cerimonial do TCE, Corte até então presidida pelo  conselheiro Teodorico Menezes.
Apesar disso, Renata negou, no depoimento à promotoria, qualquer  relação de proximidade com Teodorico – embora também tenha admitido ter  colaborado para a campanha do filho do conselheiro, deputado estadual  Téo Menezes (PSDB).”
FONTE (O POVO)
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário