Empresa de senador do PMDB fraudou licitação de R$ 300 mi na Petrobrás
Manchester Serviços Ltda., da qual Eunício Oliveira é dono, soube com antecedência, de dentro da estatal, quais eram seus concorrentes e os procurou em busca de acordo para vencer disputa por um contrato de consultoria e gestão empresarial
Leandro Cólon - O Estado de S. Paulo

Beto Barata/AE 
Os senadores Eunício Oliveira (frente) e Humberto Costa durante sessão da CCJ do Senado
MACAÉ - Documentos e imagens obtidos pelo Estado  revelam que a Petrobrás e uma empresa do senador e tesoureiro do PMDB,  Eunício Oliveira (CE), fraudaram este ano uma licitação de R$ 300  milhões na bacia de Campos, região de exploração do pré-sal no Rio de  Janeiro. A Manchester Serviços Ltda., da qual Eunício é dono, soube com  antecedência, de dentro da Petrobrás, da relação de seus concorrentes na  disputa por um contrato na área de consultorias e gestão empresarial.  De posse dessas informações, procurou empresas para fazer acordo e  ganhar o contrato. 
Houve reuniões entre concorrentes durante o mês de março, inclusive  no dia anterior à abertura das propostas. A reportagem teve acesso ao  processo de licitação e a detalhes da manobra por parte da Manchester  para sagrar-se vencedora no convite n.º 0903283118. Às 18h34 de 29 de  abril, a Petrobrás divulgou internamente o relatório em que classifica a  oferta da Manchester em primeiro lugar na concorrência com preço R$ 64  milhões maior que a proposta de outra empresa. 
O contrato, ainda não assinado, será de dois anos, prorrogáveis por  mais dois. Sete empresas convidadas pela Petrobrás participaram da  disputa, a maioria sem estrutura para a empreitada. Os convites e o  processo de licitação são eletrônicos e as empresas não deveriam saber  com quem estavam disputando. 
Foto
Em 30 de março, um dia antes da abertura das propostas, o diretor  comercial da Manchester, José Wilson de Lima, reuniu-se duas vezes, por  mais de três horas, em São Paulo com uma das empresas convidadas pela  Petrobrás, a Seebla Engenharia, segundo registros de segurança do prédio  onde funciona essa empresa. Uma foto dele ficou registrada nos arquivos  do condomínio. O objetivo da visita era exigir da Seebla que aceitasse  um acordo.
A Seebla confirmou o encontro e, questionada, disse que isso também  ocorrera em dias anteriores. A empresa afirmou que não fez acerto. No  dia seguinte à reunião, ofereceu na licitação o preço de R$ 235 milhões,  bem abaixo dos R$ 299 milhões apresentados pela empresa do senador.  Mesmo assim, foi desclassificada pela Petrobrás. 
Um diretor de outra empresa envolvida, que pediu para não ser  identificado por questão de segurança, contou que diretores da  Manchester usaram o nome de Eunício para oferecer R$ 6 milhões em  dinheiro vivo em troca de uma "cobertura"na licitação - ou seja  apresentar proposta com valor que serve apenas para simular concorrência  e ajudar uma parceira a ganhar a licitação. 
"Tentaram nos comprar", disse ao Estado o diretor da empresa. Em troca, a Manchester faria o mesmo em outra licitação.
fonte:o estadão 
 
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