Tragédia na Bahia expõe ligações delicadas de Sérgio Cabral
Governador do Rio de Janeiro voou em avião de Eike Batista para comemorar o aniversário de dono de construtora com quem o estado tem contratos de mais de um bilhão de reais
 
                              O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, em um seminário                                          (Celso Junior/Agência Estado)                        
A queda de um helicóptero em  Trancoso, na última sexta-feira, matou sete pessoas e expôs o  governador Sérgio Cabral a duas situações difíceis. A primeira,  familiar. Entre as vítimas estava Mariana Noleto, de 20 anos, namorada  de seu filho Marco Antônio. A segunda, política. A tragédia deixou  evidentes as ligações delicadas do governador com empresários. Cabral  viajou para a Bahia em avião emprestado por Eike Batista – que doou 750  mil reais para sua campanha e se comprometeu a investir 40 milhões de  reais nas Unidades de Polícia Pacificadora - para comemorar o  aniversário de Fernando Cavendish.
Dono da construtora Delta, que tem no governo do Rio de Janeiro um  grande cliente, Cavendish acumula desde 2007 contratos cujo valor supera  um bilhão de dólares, entre elas o Maracanã e o Arco Rodoviário. E Marcelo Mattoso de Almeida,  que pilotava o helicóptero, foi um grande doleiro no Rio de Janeiro,  nos anos 1990, e era dono do resort onde a festa aconteceria. O  governador pediu licença do cargo até domingo, alegando razões  particulares.
O governo do estado informou que Sérgio Cabral decolou do aeroporto  Santos Dumont na sexta-feira, às 17h, no Legacy de Eike, junto com Marco  Antônio, Mariana e a família Cavendish, rumo a Porto Seguro. De lá,  para chegar até o Jacumã Ocean Resort, um luxuosíssimo empreendimento,  era preciso voar de helicóptero. Como não havia lugar para todos,  decidiu-se dar prioridade às mulheres e às crianças. O cronograma  informado é apertado. O helicóptero decolou às 18h31m, uma hora e meia  depois da saída do Santos Dumont. Cabral, Marco Antônio e Cavendish  iriam no voo seguinte.
Em maio, VEJA publicou reportagem que  relata o espantoso crescimento da Delta, e esmiuça as ligações da Delta  com o ex-ministro José Dirceu, responsáveis pela transformação de  Fernando Cavendish em "príncipe do PAC". O empresário Romênio Marcelino  Machado, dono da construtora Sigma e desafeto de Cavendish, enfatiza a  amizade entre ele e Cabral. "A promiscuidade é total".
Na manhã desta terça-feira foi localizado o corpo de Jordana Kfuri Cavendish,  mulher de Fernando, a última das vítimas do acidente. A Agência  Nacional de Aviação Civil informou que Marcelo Almeida estava com sua  licença para pilotar vencida desde 2005, e utilizou os dados de outro  piloto para voar na sexta-feira.
FONTE: REVISTA VEJA
 
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